o meu sete a um

meu sete a um se resume em pelo menos 18 meses de pura agonia e pensamento de morte. meu sete a um começou coincidentemente no evento do sete a um brasil e alemanha. eu sinceramente não dou a mínima pra futebol, mas, porra!, era a copa! meus amigos pareciam meio anestesiados pelo sofrimento que aquele vexame causou na nação e eu anestesiada pela depressao que se aproximava. e, dessa vez, ela viria com força!

ela viria pra me arrancar do seio quente e calminho das amizades para me afundar que nem areia movediça na minha cama. dias e noites na cama. cama, cama, cama. de vez em quando um banho, um alô pra família na hora das refeições só pra constar que eu ainda era um ser vivo, mesmo que em estado vegetativo. eu era uma pessoa catatônica. nao expressava prazer, muito menos felicidade com qualquer coisa que, em geral, causaria prazer ou felicidade em um ser humano normal.

meus amigos do trabalho estavam se tornando pais e, para mim, aquilo era um bosta. eu passei de novo no vestibular da federal e aquilo era uma bosta. uma amiga minha tinha ficado noiva, e, af, que bosta! minha tia fora diagnosticada com câncer e, é, a vida é mesmo uma merda e nao passava disso. nada era motivo de alegria e tudo passou a ser motivo para querer morrer.

meu sete a um realmente me derrubara. meus torcedores pareciam também ter desistido de mim; eu nao ia mesmo me reerguer. eu era um fracasso fadado a fracassar cada vez mais.

meu sete a um foi uma das minas crises depressivas que quase colocaram fim à minha saga aqui na terra. nao foi fácil sair daquele luto que parecia interminável. nao foi fácil chegar até aqui é hoje afirmar que estou bem, estou ótima, obrigada.

nao é fácil nao desistir. mas hoje eu consigo facilmente dizer com a mais absoluta certeza e sinceridade: eu quero viver.

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